domingo, 26 de novembro de 2017

Nosso Compreensivo Sumo Sacerdote

Já nos referimos ao Senhor Jesus como tendo passado por todo tipo de sofrimento e circunstâncias difíceis que um homem sem pecado poderia passar, até mesmo a perfeita depressão que lhe sobreveio ao contemplar e eventualmente passar pelos Seus sofrimentos na cruz. Vimos como Ele aceitou isso tudo das mãos de Seu Pai, e assim, em perfeição, continuou em comunhão com Seu Pai em tudo isso. Como resultado, Ele é agora capaz de ser um "misericordioso e fiel sumo sacerdote" (Hebreus 2:17) para aqueles que também estão passando pelas dificuldades do caminho cristão.

É claro que seria blasfemo sugerir que nosso bendito Senhor Jesus tenha sofrido alguma doença vinda de dentro de Si, seja física ou mental, mas ao passar por todas as circunstâncias que podemos ser chamados também a passar, Ele experimentou, vindo de fora de Si, todo o mal que havia no mundo. Por causa de Sua natureza santa e por causa de Seu amor, Ele sentiu tudo isso como nenhum outro poderia. Era comum que os homens perdessem a razão por consequência de uma flagelação romana, mesmo assim o Senhor Jesus suportou tudo isso, e "deu o testemunho de boa confissão" (1 Timóteo 6:13) perante Pilatos mais tarde. Já observamos que em Mateus 26:37 (versão de J. N. Darby) é dito que o Senhor Jesus ficou "triste e profundamente deprimido" no jardim de Getsêmani, mostrando que Ele sentiu grandemente a perspectiva de ser feito pecado por nós. Ainda assim Ele podia, ao mesmo tempo, pensar no bem-estar espiritual dos outros, dizendo aos Seus discípulos que orassem para que não entrassem em tentação. Assim nosso bendito Senhor está lá por nós, não como Alguém que não passou por nenhuma de nossas provas, mas que foi provado em tudo pelo que estamos passando, embora fosse sem pecado. Ele quer que venhamos a Ele com nossas enfermidades e fraquezas, de modo a obter misericórdia e graça para nos ajudar quando precisamos.

Apesar de não querermos sugerir que a doença mental é permitido por Deus simplesmente para nos tornar mais dependentes do Senhor, ainda assim é verdade que a natureza única de um distúrbio mental nos impele a buscarmos ao Senhor de um modo que talvez a mera doença física não faça. Alguém observou que Ele reserva Suas mais ricas cordialidades (estimulantes) para nossas mais profundas necessidades. Assim somos levados a sugerir que o Senhor deseja que nos aproximemos primeiramente dEle em nossas dificuldades, primeiramente em submissão e aceitação do problema permitido por Ele, e então em um espírito de súplica por Sua ajuda no assunto. Finalmente, apenas Ele pode curar, e apenas Ele pode direcionar quanto a que formas adicionais de tratamento devemos buscar. Não podemos enfatizar isto com muita força, pois enquanto o homem muitas vezes fornece alívio dos sintomas, tanto da doença física quanto mental, no final o único remédio para o pecado é encontrado na cruz. Todas as outras formas de tratamento devem ser vistas sob esta luz. 

O Senhor, o Grande Médico

"Pois não temos um sumo sacerdote que não possa simpatizar com nossas enfermidades [ou fraquezas], mas tentado em todas as coisas da mesma forma, mas sem pecado. Aproximemo-nos, portanto, com ousadia ao trono da graça, para que possamos receber misericórdia, e encontrar graça para ajuda em tempo oportuno" (Hebreus 4:15-16, tradução livre da versão em inglês de J. N. Darby). 
"Seja qual for o estado em que te encontras, venha a Jesus, e descobrirás que Ele é sempre gracioso, que Ele sempre tem graça...
"Ele foi desprezado por isto -- fiel no amor, passando por todo a cena do homem, porque Ele foi a Testemunha fiel, para que a graça possa vir a mim onde estou, envergonhado à vista dos homens: lá Cristo vem buscar-me, determinado a ser a fiel Testemunha de Deus, que é rica em misericórdia. 
"É impossível estar em alguma condição na qual Cristo não possa vir ao auxílio. Ele mergulhou no próprio mar da miséria dos homens para te ajudar. É um conforto ter a simpatia do homem, mas ele muitas vezes não pode nos ajudar. O que não é termos a simpatia de Deus, o que realmente tem poder?"

domingo, 19 de novembro de 2017

Tratamento - Princípios Gerais

Seção 3 - Tratamento

Princípios Gerais

Todos sabemos que o tratamento de uma doença pode ser complicado, mesmo se estivermos considerando principalmente a doença física. Não é suficiente tratar apenas o corpo, pois sabemos que o espírito, alma e corpo interagem de maneiras bem reconhecidas, embora mal compreendidas. As Escrituras nos dizem que "um coração alegre promove a cura, mas um espírito quebrantado (abatido) seca até os ossos" (Provérbios 17:22, tradução de J.N.Darby). Do mesmo modo, lemos: "O espírito de um homem susterá sua enfermidade; mas um espírito quebrantado, quem pode suportar?" (Provérbios 18:14, tradução de J.N.Darby). Assim, a parte não-física e física influenciam uma à outra, seja para o bem ou mal. Este princípio é bem conhecido nos círculos médicos, e no mundo em geral. Mesmo em doenças simples e comuns como o resfriado, estudos apontam que pessoas felizes e bem ajustadas pegam menos resfriados, e de duração mais curta, do que aqueles que estão infelizes ou sob estresse.

O mesmo ocorre com a doença mental, pois vimos que, na maior parte dos casos, o espírito, a alma e o corpo estão envolvidos. Todos os variados fatores responsáveis devem ser considerados e identificados, e o tratamento não será efetivo sem isso. Muitas doenças mentais possuem algum componente físico, e assim é um erro enxergar todos os distúrbios mentais como problemas espirituais. Por outro lado, é um erro ainda maior enxergar todo o problema como físico, pois enquanto os medicamentos podem tratar o que é físico, eles não tem efeito moral, e jamais poderia alcançar a alma ou o espírito.

Um ponto muito importante deve ser feito aqui, a saber, que existe uma dimensão espiritual em todos os casos de doença mental. Há várias razões para isso. Em primeiro lugar, devemos reconhecer que Deus assim permite, assim como Ele permite as doenças físicas. A aceitação disso, e o reconhecimento da mão de Deus as permitindo, é o primeiro passo para lidar com o problema. Em segundo lugar, uma vez que o homem é um ser moral com uma responsabilidade perante Deus, existem questões morais e espirituais que afetam a doença mental. O espírito, alma e corpo interagem um com o outro, e quando o comportamento anormal ocorre, às vezes o comportamento pecaminoso também está envolvido (ou potencialmente envolvido). Finalmente, há a necessidade de reconhecer o problema da doença mental, e não negá-la. Assim como todo o pecado na carne, o homem tem uma tendência à excusar, negar, culpar aos outros, e talvez até mesmo culpar a Deus. Um indivíduo afligido pela doença mental pode ter a tendência de enxergar a si mesmo como normal, e os outros como anormais. Tal negação do problema resulta um uma vida muito infeliz, uma vez que nenhum tratamento pode resultar em qualquer efeito no longo prazo para essas pessoas. É claro, essas dimensões espirituais podem todas estar presentes também nas doenças físicas, mas tendemos a pensar que são frequentemente presentes, em um maior grau, na doença mental, e são, portanto, mais importantes neste caso.

Ao considerarmos o tratamento, nos referiremos com frequência às Escrituras. Enquanto os comentários feitos serão geralmente aplicáveis a todos que experienciam a doença mental, gostaríamos de deixar claro que iremos utilizar a Palavra de Deus livremente, como escritos para o benefício daqueles que conhecem o Senhor e que confiaram nEle como Salvador. Para aqueles que estão lendo isto que talvez não conheçam o Senhor Jesus como seu Salvador, nós ressaltamos que o único remédio para o pecado é encontrado no Senhor Jesus Cristo. Na cruz do Calvário Ele satisfez a Deus quanto a toda a questão do pecado, e agora lemos que "o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado" (1 João 1:7). Sobre esta base, lemos que Deus "manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam" (Atos 17:30, Almeida Revisada). Ele quer quer você conheça o Senhor Jesus como seu Salvador hoje mesmo, e que saiba que seus pecados estão perdoados!

sábado, 11 de novembro de 2017

Conclusões (da Seção 2)

À luz de tudo o que temos considerado, torna-se óbvio que a doença mental, seja leve ou seriamente incapacitante, é um assunto muito complicado. Há quase sempre múltiplas causas -- físicas, espirituais, circunstanciais, etc. É a presença dessas múltiplas causas juntamente com nosso entendimento limitado da doença mental que é, sem dúvida, responsável por muito do mal-entendido e pensamento desequilibrado sobre o assunto.

Há aqueles que reduziriam qualquer resposta mental ou emocional anormais a um problema espiritual, enquanto outros diriam que é tudo físico, relacionado ao mal funcionamento dos neurotransmissores e de problemas químicos no cérebro. Vimos que nenhuma dessas respostas está totalmente errada, mas que nenhuma também está totalmente certa. Alguns tentariam relacionar tudo a experiências que tivemos em algum momento anterior de nossas vidas, enquanto outros diriam que o pecado original é a causa de todos esses problemas. Novamente, ambos podem ser fatores causadores da doença mental, mas nenhuma explica o quadro todo. Em vez disso, em qualquer situação, múltiplos fatores provavelmente estão envolvidos e assim precisam ser abordados. Fatores genéticos, relacionadas ao ambiente e espirituais podem todos estar presentes, em maior ou menor grau. A avaliação dos diferentes fatores em um caso individual juntamente com a escolha de uma terapia adequada apresenta o maior desafio para aqueles que tratam a doença mental.

Para o crente, todo esse assunto deveria provocar humilhação, quando percebemos a complexidade do homem como o ser mais elevado da criação -- aquele que foi criado à imagem e semelhança de Deus! Certamente a semelhança foi perdida como resultado da queda do homem, mas a imagem permanece -- ele ainda é a cabeça da criação e assim representa Deus neste mundo. Deveríamos nos humilhar, também, quando consideramos que "por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte" (Romanos 5:12). Foi o pecado do homem que introduziu neste mundo não apenas distúrbios no corpo, como também na alma e no espírito, e todos estes estão envolvidos na doença mental. Que possamos sempre abordar o assunto com aquela santa reverência que percebe que "em parte, conhecemos" (1 Coríntios 13:9), seja nas coisas espirituais ou naturais. Vamos falar um pouco agora sobre o tratamento.

Ações Criminosas

Vimos como o pecado voluntário pode causar doença mental, e como o pecado que permitimos em nossa vida pode agravar uma tendência que já está presente em nosso ser como resultado do pecado. Se isso for levado além de um certo ponto, o indivíduo pode acabar se envolvendo com atividades criminosas. Este é um outro caso em que o pecado voluntário combina-se ao pecado como um resultado da queda do homem. Novamente, por ser um tipo especial de pecado voluntário, o deixaremos para maiores considerações em um apêndice.

Possessão Demoníaca

Esta causa de doença mental é muito importante, sendo mencionada um número de vezes nas Escrituras. Por ser um fator na doença mental que é frequentemente negligenciado e talvez nem mesmo reconhecido, é importante que o consideremos cuidadosamente. No entanto, por estar em uma classe por si só e por ser tão importante, consideraremos a possessão demoníaca como um assunto à parte mais tarde em um apêndice.

Circunstâncias Passadas

Além das circunstâncias atuais, devemos mencionar experiências que alguém pode ter tido anteriormente em sua vida. Trazemos esse assunto com cautela, não porque o fenômeno não existe, mas porque tem havido muita controvérsia e mal-entendido sobre esse aspecto do comportamento humano. É lamentável que Sigmund Freud tenha falado tanto sobre esse aspecto do comportamento humano, pois os crentes o têm recebido amplamente e a suas teorias, tendo sido ele um homem de visões ateístas e ideias anticristãs. No entanto, é verdade que experiências passadas moldam nosso pensamento e perspectiva, e experiências dolorosas podem levar-nos a desenvolver certas estratégias de enfrentamento ou mecanismos de defesa. Desde que essas estratégias de enfrentamento sejam boas (tais como buscar a ajuda de alguém ou evitar a causa do problema), elas tornam possível que reduzamos o impacto de eventos estressantes e mantenhamos um comportamento normal. No entanto, se elas se degeneram em mecanismos de defesa que são destrutivos, elas podem muito bem provocar distúrbios mentais em vez de evitá-los. Aqueles que reprimem uma memória dolorosa ou negam que algo desagradável realmente aconteceu podem experimentar algum tipo de alívio no curto prazo, mas eventualmente descobrirão que devem encarar a realidade. Podemos deixar uma lasca em nosso dedo para evitar a dor associada a removê-la, mas a infecção e a inflamação resultantes criarão um problema muito maior do que se antes tivesse passado pelo transtorno de removê-la. Assim, dores e experiências ruins que ocorreram no passado podem lançar uma sombra sobre nossas vidas, fazendo-nos pensar e agir de maneiras que são anormais.

sábado, 4 de novembro de 2017

O Senhor Jesus e a Depressão

É nesta área que devemos tecer alguns comentários sobre o Senhor Jesus Cristo. Ele como um Homem sem pecado veio a um mundo de pecado, e assim experimentou todos os terríveis efeitos do pecado vindos de fora de si mesmo. Ele passou por todo tipo de sofrimento que um homem sem pecado poderia passar. Lemos em Hebreus 4:15: "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado". Tudo isso foi elevado a uma altura sem paralelos quando Ele foi até a cruz, pois ali Ele experimentou não apenas tudo o que o coração perverso do homem podia inventar, como também a ira de um Deus Santo contra o pecado. Como um homem sem pecado, Ele sentiu isso tudo, e sentiu-o perfeitamente. Ao contemplar isso tudo no jardim de Getsêmani, Sua alma santa ficou oprimida pelo que lhe aguardava. O evangelho de Mateus relata a cena como segue:
"Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e ficar profundamente deprimido" (Mateus 26:36,37, versão de J.N.Darby).
Aqui encontramos a perfeição sem pecado na presença do mal, e mal tão grande como nenhum outro jamais pôde experimentar, mesmo encontrando-se naquela perfeição que tudo aceitou do Pai. Como vimos, o mal tende a deprimir a alma, e nosso Senhor sentiu o mal pessoalmente, mas perfeitamente, por causa de Sua santidade. Como resultado, uma vez que Satanás não tinha nada com Ele, a consequência de sua depressão apenas resultou em comunhão com Deus. Alguém observou com precisão, no que diz respeito à obra de Cristo na cruz: "Desprezo, inimizade, perfeita depressão (Ele foi crucificado em fraqueza, veja versículo 14 do Salmo 22) e a face de Jeová dEle escondida, essas coisas marcaram Seu verdadeiro estado lá, mas [Ele foi] fiel, dizendo: 'Tu és santo'." (grifo do autor)

Teremos mais a dizer sobre esse assunto quando falarmos sobre o tratamento da doença mental, mas é humilhante e ao mesmo tempo encorajador ver nosso bendito Mestre experimentando todos os efeitos do pecado vindo de fora, e sentindo o que pode ser chamado de depressão. No entanto, andamos em terreno santo aqui, e é completamente claro que, enquanto nosso bendito Senhor tinha uma natureza humana, Ele não possuía a natureza caída. Como um homem perfeito, Ele pôde sentir as coisas como qualquer outro homem, e por ser sem pecado, Ele sentiu quão terrível é o pecado de um modo que ninguém mais podia. Quando isso tudo foi levado sobre Ele no jardim de Getsêmani, isso realmente O deprimiu, e resultou em oração ao Seu Pai.