domingo, 14 de janeiro de 2018

Psicologia

Mais uma vez, abordamos o assunto com certa hesitação por causa das fortes opiniões mantidas por muitos crentes sobre o assunto. Livros como A Sedução do Cristianismo, de Dave Hunt e T. A. McMahon, e Psychoheresy ("Psicoheresia", não disponível em língua portuguesa), de Martin e Deidre Bobgan são implacáveis em sua condenação da psicologia como é praticada hoje, e alertam os crentes contra ela nos termos mais fortes possíveis. Tendo lido ambos os livros e outros como eles, tenho a dizer que esses alertas são necessários, pois algumas coisas que eles falam são verdadeiras. Sem dúvida muito do criticismo deles decorre do fato de que a psicologia moderna tende a adotar uma visão humanística e de "nova era" do homem e de seu comportamento, e deixa de lado a Palavra de Deus como a única verdadeira autoridade nas questões morais e espirituais que são abordadas. Tendo dito isto, é também minha opinião que muito desse criticismo, particularmente do ponto de vista dos Bobgans em Psychoheresy, é desequilibrado e enganoso. Ao procurar chamar a atenção para uma séria tendência em direção ao pensamento errôneo entre os crentes, eles mesmo caíram no erro e no pensamento distorcido. Em seu esforço de expor o pensamento falho por trás de muitas coisas na psicologia moderna, eles reuniram uma série de citações e opiniões negativas que nem sempre podem ser suportadas pelas Escrituras. Na afirmações deles de que Cristo é a resposta final para os problemas da vida, eles estão corretos. Em sua tentativa de considerar a maioria desses problemas como pecado voluntário, eu creio que eles foram longe demais. Quando eles negam que existam coisas como pensamentos e motivos inconscientes, eles estão errados, pois a Palavra de Deus claramente reconhece que pode haver pensamentos e motivos inconscientes que governam nosso comportamento. Eliú pôde aconselhar Jó a orar: "O que não vejo, ensina-me tu" (Jó 34:32). Ao reconhecer a possibilidade do pecado operar inconscientemente em si, Davi pôde dizer ao Senhor: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos" (Salmos 139:23). Em outro lugar, ele pôde dizer: "Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos" (Salmos 19:12). Novamente, quando eles sugerem que o crente é chamado para estar ocupado com Cristo em vez das dores que ele experimentou no passado, eles estão certos. Quando eles dizem que feridas emocionais passadas realmente não têm influência em nosso comportamento no presente, eles estão errados. Ao procurar expor um erro, eles próprios caíram no erro do lado oposto. É triste dizer, mas o homem é propenso a fazer isso em muitas áreas.

Tudo isso, então, levanta a questão: "A psicologia está sempre totalmente errada?" Por definição, a psicologia é o estudo do comportamento humano. Isto inclui coisas como testes de Q.I., avaliação de diversos tipos de personalidades, reações de indivíduos a diversas forças em seu ambiente, e as diversas maneiras pelas quais o comportamento pode ser modificado. O crente pode prontamente ver que a psicologia não pode ser vista como uma ciência do mesmo modo que, por exemplo, o estudo da química, pois envolve uma dimensão espiritual assim como uma dimensão natural. Aqui novamente temos uma área em que as Escrituras devem ser a autoridade final. Nas Escrituras, Deus explica a natureza do homem e seu comportamento, enquanto na psicologia, o homem observa padrões, faz suposições, e talvez aprende algo, mas de uma maneira limitada. No entanto, a psicologia nunca chegará à completa verdade sobre a questão, pois esta requer a revelação divina. Nas Escrituras, Deus afirma as relações que Ele estabeleceu e o comportamento moral que é requerido que o homem possua: na psicologia, o homem tenta explicar o comportamento sem uma base determinada de moralidade. Nas Escrituras, Deus revela o que fará o homem feliz, e por quê; na psicologia o homem procura descobrir o que fará o homem feliz, e falha. As Escrituras revelam que a causa raiz da maioria dos problemas comportamentais do homem é o pecado e suas consequências; a psicologia, em geral, não usa a palavra "pecado" em seu vocabulário.

Por outro lado, é, às vezes, útil entender por que um indivíduo reage de uma determinada maneira, mesmo que de um ponto de vista natural. Por exemplo, suponha que uma adolescente fuja de casa. Muitos fatores podem estar envolvidos, e precisamos deixar claro que não estamos de forma alguma justificando sua fuga. Pode haver mais de uma razão dela ter escolhido sair de casa, mas sabemos que em muitos casos é por que sua mãe abdicou de seu papel adequado como cuidadora e dona de casa, forçando, assim, a garota a tomar uma responsabilidade para a qual ela não está pronta, tornando-a ressentida. Chame isso de psicologia ou do que você quiser chamar, mas um entendimento desse modo de comportamento é, às vezes, útil ao lidar com a situação, e para auxiliar aqueles diretamente envolvidos. Muitos outros exemplos poderiam ser dados de comportamento que é, afinal, pecaminoso, mas que tem suas raízes em várias forças que agiram sobre o indivíduo. Isto de modo algum desculpa o pecado, mas talvez forneça uma base para o auxílio no alívio dos fatores que possam ter influenciado o mau comportamento.

Sugerimos que não é a psicologia, em si mesma, que é tão errada, mas sim a base na qual o comportamento é interpretado e tratado. Não é errado reconhecer certos padrões de comportamento que ocorrem como resultado de determinados eventos e relacionamentos que podem ter moldado o indivíduo, mas sugerir que os pensamentos do homem deveriam tomar o lugar das Escrituras como o remédio é um erro sério. Quando o humanismo secular e o pensamento da nova era são a base sobre a qual o comportamento humano é abordado, o homem torna-se o foco de seu próprio pensamento, e Deus é deixado de lado. O resultado é, por um lado, uma irresponsabilidade moral e uma desculpa para a conduta pecaminosa, enquanto por outro lado o tratamento de tal comportamento tende a ser baseado na autoajuda e no conceito de autoestima. Esta assim chamada liberdade de pensamento não está vinculada a qualquer verdade, nem conhece a verdade, e põe em dúvida toda a verdade. Tal abordagem põe o homem no centro das coisas, e é finalmente destrutiva, pois a incredulidade produzida pela confiança no homem o força a voltar-se para a superstição. Infelizmente, a psicologia moderna é tão crivada dessas ideias que é difícil separar as duas coisas.

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