sábado, 15 de julho de 2017

A Doença Mental

Como, então, definimos a doença mental? Não há, de fato, uma definição que englobe cada aspecto do assunto, pois estamos lidando com um assunto que não possui um escopo bem demarcado. Até certo ponto, nossa visão sobre doenças mentais é afetada pela cultura e pela sociedade em que vivemos. Além disso, assim como há uma variação no que é geralmente considerada saúde física normal, assim há uma variação no que é considerado um padrão normal de pensamento e comportamento. Todos nós, em algum ponto de nossas vidas, podemos experimentar alguns dos sintomas de pensamento desordenado, mas apenas se os sintomas vão além de um certo ponto é que a pessoa será considerada doente mental. Assim, definiremos a doença mental simplesmente como sendo qualquer padrão anormal de pensamento e sentimento que resulta em um distúrbio de comportamento e que, assim, afeta a capacidade individual de funcionar em seus relacionamentos com o próximo e/ou em seu trabalho.

Aqui é importante esclarecer nossa definição em relação ao que as Escrituras têm a dizer, pois a definição que sugeri é muito ampla. A Palavra de Deus usa a palavra "lunático" para descrever aqueles com distúrbios de pensamento e comportamento, e, como já vimos, tais indivíduos também são incluídos entre aqueles a quem o Senhor Jesus curou. É difícil saber até onde essa palavra se estende em descrever aqueles cujo comportamento é anormal, e que grau de distúrbio é abrangido por isso. Cito as Escrituras apenas para mostrar que o Senhor Jesus reconheceu ao menos alguns comportamentos anormais como doenças, e as curou como fazia com outras doenças. Podemos muito bem hesitar em colocar cada indivíduo com alguma anormalidade de pensamento ou sentimento nessa categoria e chamá-lo de lunático. Neste artigo discutiremos uma ampla variedade de distúrbios que possuem pelo menos algum componente de distúrbio de pensamento e/ou de comportamento. O leitor pode não ver todos eles como a manifestação de doença mental, mas simplesmente como a demonstração do que a Escritura chama de "a carne" -- nossa natureza pecaminosa. Como veremos, há, muitas vezes, uma mistura de ambos. Seja qual for a causa, sugiro que uma consideração de todas essas entidades, perante o Senhor, é apropriada para nosso assunto.

Ao lidarmos com esse assunto, olharemos para o que claramente é doença mental -- os indivíduos com comportamento assim chamado "psicótico". Esses que exibem tal comportamento não têm controle de si mesmos, e em grande medida estão fora de si com relação à realidade. Eles definitivamente se encaixariam na categoria de "lunáticos", como é mencionado nas Escrituras.

Discutiremos, também, o comportamento anormal no qual o indivíduo ainda tem noção da realidade e não está fora de controle. Esses distúrbios comportamentais são geralmente chamados de "neuroses", em contraposição à "psicose". Como veremos, há geralmente uma sobreposição entre ambas. Mais que isso, em ambos os casos há aspectos de seu comportamento nos quais o indivíduo não pode fazer nada, mas também há uma parte em que deve ser responsabilizado.

No início deste artigo mencionei que eu iria abordar o assunto na luz da Palavra de Deus. Espero que este seja o caso, e que as conclusões alcançadas, especialmente na esfera moral e espiritual, sejam mantidas com a mente de Deus como é revelada em Sua Palavra. No entanto, uma vez que o autor é um médico, e que procurou a assistência de outros médicos cristãos, haverão comentários ocasionais baseados nesse treinamento e experiência. Espero que isso seja útil "completar" a discussão sobre o assunto, mas ao dizer isso, percebo que o conhecimento médico está em constante mudança. Alguns dos comentários feitos nessa área podem ser superados por conhecimento melhor em algum ponto no futuro. Além disso, farei outros comentários, de vez em quando, que são baseados nas minhas próprias observações e experiência como indivíduo, não tanto como médico, mas como cristão. Tais comentários serão obviamente identificados pelo leitor, e, é claro, devem ser tomados como opiniões [ou juízos] pessoais, e não como tendo a autoridade das Escrituras.

Os distúrbios mentais podem ter múltiplas causas. Algumas podem ser primariamente orgânicas (causadas por mudanças físicas no cérebro), enquanto outras podem ter suas origens na alma e no espírito. Frequentemente ambas estão envolvidas, e, muitas vezes, tais causas estão interconectados de tal modo que pode ser de difícil separação. Há uma grande variedade de opiniões sobre o assunto, não apenas entre crentes, mas também no mundo em geral. Uma vez que o assunto não se presta à pesquisa científica do mesmo modo como as outras disciplinas médicas, algumas das ideias sobre a natureza e a causa da doença mental tende a se basear em teorias e conceitos em vez de evidência científica sólida. Muito do que é feito quanto ao tratamento tende a ser empírico (baseado na observação e experiência), e talvez esteja enquadrado e determinado, em alguma medida, pela cultura em que vivemos. Além disso, o campo da mente é muito inter-relacionado ao espiritual, e aqui estamos, definitivamente, em uma área onde as Escrituras, e não a ciência, deve ser a autoridade final. Esse princípio deverá ser mantido em mente enquanto lidamos com nosso assunto, e certamente nos levará de volta à Palavra de Deus, "viva, e que permanece para sempre" (1 Pedro 1:23). É muito reconfortante e assegurador saber que Deus nos deu tudo o que precisamos para viver uma vida piedosa neste mundo, enquanto reconhecemos que há aspectos da doença mental que estão além de nosso entendimento.

Não é o propósito deste artigo discutir em detalhes todos os variados tipos de doenças mentais que têm sido reconhecidas, ou abordar o assunto por meio da classificação usada pela profissão psiquiátrica. No entanto, uma vez que a doença mental se expressa em uma grande variedade de formas, será bom termos alguma ideia do escopo do assunto. Assim, algumas considerações sobre essas diferentes manifestações são necessárias antes de prosseguirmos. Os termos que usaremos serão os mesmos usados por aqueles que tratam as doenças mentais, pois esses termos são comumente reconhecidos e entendidos. Vejamos alguns exemplos de doenças mentais e distúrbios comportamentais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário