terça-feira, 25 de julho de 2017

Distúrbios Neuróticos e Comportamentais - Distúrbios de Personalidade

Nesta categoria reconhecemos primeiramente uma gama de problemas que podem ser chamados de distúrbios de personalidade. Todos temos traços comportamentais que são padrões duradouros de percepção, que se relacionam e reagem a nós mesmo e aos outros em uma ampla gama de contextos. Esses traços nos tornam indivíduos distintos e são conhecidos como nossa personalidade. Em alguns indivíduos certos traços tornam-se exagerados em tal extensão que passam a ter padrões de comportamento seriamente inflexíveis e limitados. Muitas vezes a inflexibilidade de personalidade e sua vulnerabilidade a estresses específicos resultam em verdadeiras dificuldades de adaptação social, levando a distúrbios significativos na vida individual. Alguns possuem uma personalidade dependente, na qual o indivíduo tem dificuldade de tomar decisões, iniciar projetos por conta própria, ou expressar desacordo. Tais pessoas fazem de tudo para obter a aprovação dos outros e são urgentes na busca por relacionamentos. Outros possuem um tipo de personalidade evasiva, não estando dispostos a se envolverem com coisa alguma a não ser algumas coisas que gostam. Tais pessoas se preocupam em ser criticadas e são inibidas em situações novas por se sentirem inadequadas. A personalidade antissocial não tem capacidade de formar relacionamentos adequados com os outros. Eles parecem insensíveis e autocentrados, desprovidos de um senso de responsabilidade, e são dados a prazeres imediatos. Eles muitas vezes não possuem capacidade de juízo próprio, mas ainda assim são inteligentes o bastante para planejar racionalizações que convençam a si mesmos que suas ações são razoáveis e justificadas. A personalidade obsessivo-compulsiva preocupa-se com ordem, perfeccionismo e controle interpessoal, ao custo de flexibilidade, abertura e eficiência. A descrição a seguir nos fornece um exemplo de uma personalidade obsessivo-compulsiva:
"A Sra. C., uma gerente de loja de 41 anos, foi fazer uma avaliação psicológica graças à insistência do gerente regional da rede de lojas para a qual trabalha. Ela falhou em entregar os últimos quatro relatórios periódicos em tempo, e sua loja tem uma das piores taxas de produtividade da rede, apesar de ela usualmente chegar cedo no trabalho e ficar até mais tarde do que qualquer outro gerente, e parecer estar ocupada em cada minuto do dia. A Sra. C trava frequentes batalhas com seus funcionários e tem a maior taxa de rotatividade de funcionários na rede. Quando confrontada com esses problemas, ela insiste que sua loja está sendo conduzida 'adequadamente' e de acordo com as regras -- diferente das outras lojas da rede, que estariam mantendo padrões de 'má qualidade'.

"É fácil identificar a fonte da dificuldade na loja. A Sra. C insiste que seus funcionários coloquem e arranjem as mercadorias em linhas requintadamente retas. Ela verifica uma vez, duas, três, quatro vezes todos os itens, e é essa a razão pela qual ela nunca consegue terminar seus relatórios periódicos a tempo. Ela microgerencia cada aspecto da operação da loja e, consequentemente, seus gerentes subordinados estão sempre pedindo transferência para outras lojas. Em vez de apreciarem a constante supervisão da Sra. C, seus gerentes acham isso irritante e demorado. Ela está constantemente elaborando gráficos, tabelas e diretrizes de funcionários. Ela gasta boa parte de seu tempo toda manhã construindo e elaborando listas de tarefas que nunca encontra tempo para completar.

"A Sra. C é casada há 15 anos e tem dois filhos adolescentes. Seu marido é carteiro. O Sr. C relatou ao terapeuta que antes da Sra. C começar a trabalhar na loja há 6 anos atrás eles tinham muitas brigas conjugais por causa da necessidade da Sra. C de supervisionar e dirigir cada aspecto de sua vida. Ela insistia em saber onde ele estava em cada momento e tinha tentado planejar todas as atividades de seu tempo livre. Ele disse que foi um grande alívio para ele quando ela começou a trabalhar na loja, tornando-se ocupada demais para prestar tanta atenção na vida dele. O Sr. C diz que é difícil para ele e os filhos convencerem sua esposa a tirar férias e que geralmente acaba não sendo muito divertido quando ela concorda em ir. A Sra. C planeja o itinerário e as atividades minuciosamente e insiste que todos devem participar do que ela agendou. Nada de espontâneo ou não planejado é permitido, e ela espera que todos passem o tempo 'produtivamente', mesmo quando de férias."*

{* Frances, Allen, M.D., and Ross, Ruth, M.A., DSM-IV Case Studies. (American Psychiatric Press, Washington, D.C., 1996), pg. 315-6 }

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