sábado, 26 de agosto de 2017

O Pecado como Resultado da Queda do Homem -- Alma e Espírito

Alma e Espírito


Até agora, consideramos apenas como o pecado afetou o lado físico do homem, e como um cérebro doente ou danificado pode não responder da maneira correta. Mas será que percebemos que o pecado atingiu cada parte do nosso ser, moral e espiritual, assim como o físico? Nós prontamente concordaríamos que a tendência a mentir, roubar ou matar é evidência definitiva do pecado que está em nós por causa da queda do homem. Devemos reconhecer, no entanto, que a alma e o espírito são afetados pela queda do homem, não apenas em nossa tendência de cometer pecado, mas também ao manifestarmos anormalidades que o pecado causou. Somos todos nascidos neste mundo como pecadores perdidos, e enquanto a essência do mal não está nem no próprio corpo nem na natureza humana e suas faculdades, mesmo assim tudo isso é prejudicado por ela. Davi podia dizer no Salmo 51:5: "Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe". Paulo diz em Romanos 7:18: "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum". O termo "a carne", como usado nas Escrituras, às vezes refere-se ao ser natural completo do homem -- corpo, alma e espírito.* (Isto é desenvolvido mais plenamente na seção sobre "A Natureza do Homem".) As Escrituras também nos dizem que somos naturalmente "filhos da desobediência; entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos" (Efésios 2:2,3). Eu sugeriria que tudo do ser humano está incluído nesses versículos. Deste modo, o corpo (incluindo o cérebro) sente o efeito do pecado em seu funcionamento desordenado e em sua deterioração, e a alma e o espírito, com todas as nossas faculdades, foram afetados pelo pecado.

{* Do mesmo modo, lemos do Senhor Jesus que Ele "padeceu por nós na carne" (1 Pedro 4:1), que Ele "levou ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro" (1 Pedro 2:24), e que "a sua alma se pôs por expiação do pecado" (Isaías 53:10). Assim como todo o nosso ser esteve envolvido em pecado, assim o Senhor Jesus sofreu em todo o Seu ser pelo pecado. }

Em seu livreto "Auto-Estima", o autor afirma: 

"Muitos de vocês estão cientes de que há diferentes tipos de personalidade, e que de uma maneira geral podemos todos nos encaixar em um (ou em uma combinação) desses diferentes tipos. Por exemplo, algumas pessoas são muito trabalhadoras, bem disciplinadas e bem organizadas. Essas são pessoas que podem gerenciar qualquer coisa, e que geralmente realizam muitas coisas neste mundo. Sem dúvida essa capacidade foi-lhes dada por Deus, e é justo dizer que eles teriam essa capacidade mesmo se o homem não tivesse caído. Mas essas pessoas geralmente possuem um lado negativo, pois são muitas vezes arrogantes e intolerantes para com os outros. Elas podem ser sarcásticas, e muitas vezes não trabalham bem com os outros. Eles podem subir ao topo no mundo dos negócios e estarem em posições gerenciais, porém, às vezes, não são apreciados por seus subordinados.

"Por outro lado, há aqueles que são bem mais abertos e amigáveis, e que são o que chamaríamos de 'pessoas do povo'. Eles são intuitivos, podem perceber os sentimentos das outras pessoas e reagem adequadamente. Eles geralmente possuem muitos amigos e são bastante apreciados pelos outros. Novamente, este é um traço dado por Deus, e seria parte deles antes da queda. Do lado negativo, essas pessoas muitas vezes têm um problema com autodisciplina e sentem dificuldade de disciplinar os outros. Elas acham mais difícil comparecer a um compromisso pontualmente, gerenciar seus assuntos de maneira ordenada e tomar responsabilidades seriamente.

"O que vemos nas personalidades dos homens, incluindo nós mesmos, é parte o que Deus em Sua sabedoria criou, e parte o que o pecado causou. Vemos beleza na natureza e reconhecemos a obra de Deus, mas então vemos a ruína que o pecado trouxe."

Algumas das chamadas doenças mentais ou distúrbios comportamentais são, de fato, uma expressão exagerada de respostas mentais e emocionais normais, mas sem a integração adequada e o equilíbrio com outros traços que permitiriam que o indivíduo agisse normalmente. Assim como cada tipo de personalidade tem um lado ruim que é, sem dúvida, o resultado do pecado, assim também o efeito da queda da alma e do espírito humano contribui para um comportamento anormal que pode resultar em doença mental. O efeito dos desequilíbrios em nossa composição resulta no que é convencionalmente chamado de personalidade -- a combinação de qualidades que tornam um indivíduo único. No entanto, se esses desequilíbrios forem além de um certo ponto, o exagero de uma ou mais tendências resulta em comportamentos anormais que podem ser consideradas doenças mentais. Por exemplo, a imaginação é uma parte importante, útil e interessante da personalidade humana, mas uma imaginação hiperativa que não distingue entre fantasia e realidade pode resultar em ilusões e até mesmo em alucinações.

Consideremos uma doença mental bem conhecida tal como o transtorno maníaco-depressivo (ou bipolar). Seria meramente uma condição física, ou será que há mais coisas envolvidas? Seria causado simplesmente por um cérebro que está condicionado a ocasionalmente decolar em um voo frenético, seguido por uma falha correspondente na depressão? Sem dúvida, parte disso é causado por uma distorção na função cerebral, e esse é o motivo pelo qual as drogas psicotrópicas podem aliviar os sintomas. No entanto, eu acredito que as Escrituras nos levariam a crer que o pecado que afeta a alma, o espírito e o "eu" consciente também está envolvido. Como já observamos, a alma e o espírito interagem com o corpo (o cérebro) de um modo que apenas Deus pode compreender totalmente, e uma vez que o pecado permeou cada parte do ser humano, o efeito disso é sentido no corpo, alma e espírito.

Muitos crentes já sofreram de distúrbios mentais e continuam a sofrer. Em alguns casos isso se deve muito a fatores que vão além do controle deles, como no caso de William Cowper, o famoso escritor de hinos que viveu no século XVIII. Quando ele se sentia bem ele conseguia escrever lindos hinos tais como “Ere God had built the mountains” e "Misterioso é Nosso Deus" (do inglês: “God moves in a mysterious way”), e até mesmo poemas mais leves como "The Ride of John Gilpin". Mas quando a depressão o tomava ele era assombrado pela escuridão do desespero, e várias vezes tentou o suicídio. Toda a sua vida ele esteve sujeito aos "altos e baixos" de sua doença, embora ele visse claramente a plenitude da obra de Cristo para sua salvação.

Eu conheci mais de um crente sincero que lutava com a esquizofrenia, com suas ilusões e alucinações. Outros têm que lidar com distúrbios de ansiedade, estando sujeitos a tais coisas como ataques de pânico e fobias, e com a angústia mental e física decorrentes. Tendo conhecido alguns desses indivíduos por mais de 25 anos, estou convencido de que os problemas não são nem puramente físicos nem puramente no campo da alma e espírito. Em vez disso, devemos entender que, assim como o corpo está sujeito a distúrbios e doenças através do pecado, assim a alma e o espírito também são afetados por isso. Além de tudo isso, o pecado também afetou o "eu" consciente -- a essência do próprio indivíduo que finalmente controla o espírito, alma e corpo. Embora isso possa ser às vezes um problema espiritual, e possa sempre ter uma dimensão espiritual, a própria tendência é o resultado do pecado distorcendo a alma e espírito assim como o corpo. Muitas vezes, o pecado distorce tanto o físico quanto o não-físico ao mesmo tempo, resultando em uma origem complexa para uma doença mental em particular. Isto nos traz a uma consideração de um segundo aspecto do pecado e suas consequências, a saber, o pecado que permitimos em nossas vidas.

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